terça-feira, 16 de setembro de 2014

Motoristas vs Pilotos

O trânsito no Brasil inteiro preocupa as autoridades e as pessoas em geral porque mata. É um massacre diário muito maior que qualquer guerra moderna. Além disso deixa uma multidão de feridos que perdem sua saúde e integridade física, as empresas perdem o tempo dos seus funcionários e as famílias choram seus membros. O automóvel é uma arma perigosa que usamos para nos deslocar pela cidade e pelo país. Pode matar e frequentemente mata. Por que? Porque é mal usada, porque as vias transitáveis são perigosas, mal sinalizadas e mal iluminadas. São razões grandes mas o que acontece é que as pessoas adquirem um veículo com relativa facilidade e também são habilitadas ao seu exercício com não maior dificuldade. Estes dois fatores somados são responsáveis pela inundação de carros nas estradas e ruas do país. Muitos veículos dirigidos por maus motoristas representa uma mistura explosiva que acaba causando a tragédia que acompanhamos todos os dias na televisão, rádio e jornais. Primeiro: o carro é considerado seguro. Ninguém se alarma ou se preocupa de ter que se deslocar num automóvel. Não é seguro. Segundo: o carro é considerado status e as pessoas compram carros ultra-potentes, mais pelo status do que por real necessidade de tanta potência. Isto causa o abuso da velocidade e das manobras perigosas causados pelo excesso de potência na mão de quem não tem o necessário equilíbrio emocional. Terceiro: a abundância de leis rigorosas regendo o assunto parece uma coisa boa. Não é. Não há uma fiscalização eficaz pelas autoridades do trânsito e policiais. A fiscalização é eventual e sujeita ainda ao propinoduto, onde o fiscal aceita suborno e rasga o papel da multa. A fiscalização efetiva, que causa efeito no cidadão, que se preocupa em não violar as leis é aquele exercida pelo oficial de trânsito, parando o veículo, tirando o cidadão de dentro do carro, conferindo documentos do carro e do condutor, verificando condições de segurança do motorista e dos passageiros, extintor de incêndio, cintos de segurança, enfim gastando tempo do apressadinho que efetuou a infração. Nada doi mais no sujeito apressado que esta perda de tempo para atender a lei depois que foi apanhado infringindo-a. A fiscalização eletrônica, com radares e câmeras tem o efeito apenas de aumentar a arrecadação da administração que tem uma fonte segura de obtenção de valores devidos aos motoristas negligentes e imprudentes, mas de maneira nenhuma contribui para a melhor segurança do trânsito e para diminuir as alarmantes estatísticas de acidentes. Precisa um político novo, decidido, corajoso, para enfrentar esta barbárie com atitudes que realmente levem o cidadão que senta ao volante de um carro pensar primeiro na segurança dele, dos passageiros do seu carro e nos demais personagens deste drama: motoristas, motociclistas, ciclistas, pedestres, coletivos, táxis e assim por diante. E depois deste momento de conscientização de que está para fazer uma coisa importante demais para ser negligenciada como de hábito, passar a se comportar no trânsito como deve. Este enfrentamento deve retirar do volante todos os que por demasiada reincidência se mostraram incapazes de entender o que de errado fazem e assim o trânsito caminhar para uma redução massiva de índices até um nível aceitável de incidentes, onde o motorista seja o terceiro ou quarto entre os responsáveis por acidentes. Um pedestre imprudente ou distraído, um animal abandonado nas ruas ou um buraco no asfalto podem ser impossíveis de prevenir ou evitas, mas o motorista em excesso de velocidade parece bem razoável de se conseguir com educação e repressão na quantidade certa.

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